Colesterol alto: um fator de risco para Doenças Cardiovasculares



A dislipidemia é um fator de risco cardiovascular relevante para o desenvolvimento da aterosclerose. Na aterogênese, o papel do colesterol total, particularmente o contido nas partículas de LDL (LDL-C), advém de 125 Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas uma série de estudos observacionais e experimentais das últimas décadas, passando por estudos pré-clínicos, patológicos, clínicos e genéticos, em diferentes populações.

 Os trabalhos iniciais relacionaram o colesterol total com doença arterial coronariana (DAC). Como o LDL-C corresponde à maior parte do colesterol total (60%- 70% na população geral do Estudo de Framingham), a forte correlação entre colesterol total e DAC reflete a relação entre LDL-C e DAC, confirmada pelo Framingham Heart Study.

Importantes trabalhos demonstraram o desenvolvimento de DAC nos pacientes sem doença prévia com níveis mais elevados de colesterol total ou LDL-C: o Framingham Heart Study, o Multiple Risk Factor Intervention Trial (MRFIT) e o Lipid Research Clinics Coronary Primary Prevention Trial. Evidências epidemiológicas contundentes relacionam baixos níveis de colesterol nas partículas de HDL (HDL-C) com maior risco de morbimortalidade por DAC. 

Níveis elevados de HDL-C, por outro lado, se associam a menor risco, sem aumentar o risco de morte por outras causas. Apesar das evidências serem menos expressivas, a elevação de triglicerídeos também se associa a risco de DAC. Duas metanálises do final da década de 1990 relacionaram, de maneira independente, níveis elevados de triglicerídeos com DAC. Os níveis de LDL-C apresentam correlação direta com o risco de ocorrência de eventos cardiovasculares.

 Pode-se dizer que não existe um “normal”, mas níveis desejáveis acima dos quais intervenções já se demonstraram benéficas. Atualmente, níveis de LDL-C maiores de 100 mg/dL parecem estar relacionados com maior risco do desenvolvimento de eventos ateroscleróticos; níveis menores de 100 mg/dL são considerados alvo terapêutico para a maioria dos indivíduos com risco cardiovascular elevado, não significando que tais níveis os isentem deste risco. 

Sendo as doenças cardiovasculares ateroscleróticas de etiologia multifatorial, a presença de outros fatores de risco (por exemplo, hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, obesidade, diabetes melito, história familiar, etc.) são considerados tão importantes quanto os níveis de colesterol total ou de LDL-C, de maneira que, de acordo com a agregação desses fatores de risco, níveis diferentes de LDL-C são desejados como meta para tratamento, não havendo firme consenso sobre qual o valor de LDL para início ou alvo de tratamento. 

Situação clínica de particular aumento de risco é a hipercolesterolemia familiar, em que um grupo de defeitos genéticos resulta em grande elevação dos níveis de colesterol e aumento de doença cardíaca isquêmica prematura. 

Outra situação clínica, não cardiovascular, associada à dislipidemia, particularmente à hipertrigliceridemia, é a pancreatite aguda. Níveis de triglicerídeos maiores do que 500 mg/dL podem precipitar ataques de pancreatite aguda, embora a patogênese da inflamação não seja clara (16). Um estudo estimou que hipertrigliceridemia foi a etiologia da pancreatite aguda entre 1,3%-3,8% dos casos de pancreatite. O tratamento da dislipidemia compreende duas grandes condutas: não medicamentosa e medicamentosa. A identificação deste fator de risco e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos.

Principal causa de mortes no Brasil, as DCV’s (Doenças Cardiovasculares), como infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral), são responsáveis por quase 30% das mortes no País e estão diretamente ligadas ao controle do colesterol. Pessoas que tenham histórico familiar dessas doenças ou que já tenham tido casos de DCV’s precisam ter níveis de colesterol muito baixos e, muitas vezes, enfrentam dificuldades em atingir suas metas.
O colesterol pode ser dividido em dois: o HDL (Lipoproteínas de Alta Densidade) e o LDL (Lipoproteínas de Baixa Densidade), explica André Árpád Faludi, presidente do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

O LDL é conhecido como o colesterol ruim. Quando seus estão altos, ele se acumula na parede da artéria, formando placas de gordura e aumentando o risco de DCV’s. Então, quanto mais baixo o LDL, melhor. Já o HDL, o colesterol bom, limpa as artérias e ajuda a tirar o acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos.

Um estudo realizado no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia mostrou que 55% dos pacientes com colesterol alto estava sendo tratados com a dosagem mais forte das estatinas, medicamento que reduz, principalmente, o colesterol ruim. Entre os pacientes de risco, que tinham como meta um LDL menor do que 70 mg/dL, apenas 33% conseguiam atingir a meta com a ajuda de estatinas e, em alguns casos, de ezetimiba, outro medicamento para controle do colesterol. De todos os pacientes, 76% estavam fora da meta.

Os níveis de colesterol de uma pessoa são detectados por meio de um exame de sangue. Adultos saudáveis e acima dos 20 anos devem ter colesterol total inferior a 190 mg/dL e colesterol LDL de, no máximo 130 mg/dL. O nível desejado de LDL vai diminuindo de acordo com os fatores de risco de cada paciente, podendo chegar a apenas 50 mg/dL. Hoje, pacientes com colesterol acima do ideal são tratados com estatinas, que podem vir em dosagens fracas, médias e fortes.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 40% dos brasileiros têm colesterol acima do limite máximo (240 mg/dL), responsável por mais de 2,5 milhões de mortes no mundo, 200 mil no Brasil. E cada vez mais jovens estão passando a enfrentar o problema. ”Aos 18 anos, estava acima do peso e decidi fazer regime. Quando fui ao endocrinologista, descobri que estava com colesterol alto”, afirma a jornalista Karla Queiroz, de 38 anos.

Vários estudos apontam o colesterol alto como a principal causa de doenças cardiovasculares, que afetam cerca de 17,5 milhões de pessoas no mundo. E 57 milhões de pessoas, potencialmente, podem sofrer um infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico, o conhecido derrame cerebral. Em 2015, o Brasil registrou mais de 346 mil falecimentos decorrentes de problemas cardíacos.

Referências:

http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/pcdt-dislipidemia-livro-2013.pdf
https://noticias.r7.com/saude/doencas-provocadas-pelo-colesterol-podem-levar-a-morte-saiba-como-funciona-o-bom-e-o-ruim-14032017

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