Cardiopatia Congênita

As malformações cardíacas congênitas apresentam amplo espectro clínico, compreendendo desde defeitos que evoluem de forma assintomática até aqueles que determinam sintomas importantes e alta taxa de mortalidade (RIVERA et al., 2007)

Cardiopatia Congênita é qualquer anormalidade no coração durante o desenvolvimento o do coração do embrião e que altera a estrutura e função do coração. Por isso, antes mesmo do nascimento já pode ser diagnosticado se o feto possui algum tipo de cardiopatia (RIVERA et al., 2007).

As cardiopatias apresentam causas importantes para internação e óbitos em crianças e adolescentes e o conhecimento de informações de caráter epidemiológico são determinantes para tomada de decisão nos serviços de saúde (CAPPELLESSO; AGUIAR, 2017).

A cardiopatia congênita pode ou não estar relacionada com fatores ambientais. São identificadas como acianóticas e cianóticas, sendo esta última manifestada pela coloração azulada da pele em virtude da oxigenação insuficiente do sangue ou alterações do fluxo sanguíneo. Esse tipo de anormalidade congênitas representam uma importante causa de mortalidade no primeiro ano de vida chegando de 2 a 3% entre as mortes neonatais (CAPPELLESSO; AGUIAR, 2017).

Nos Estados Unidos da América, cerca de 40% das crianças que nascem com cardiopatias congênitas vão a óbito no primeiro ano de vida. Na América Latina, os defeitos cardíacos congênitos são a segunda maior causa de morte em crianças menores de um ano, tornando-se um significativo problema de saúde pública (CAPPELLESSO; AGUIAR, 2017).

No Brasil, as cardiopatias possuem uma prevalência de 6/1000 crianças nascidas vivas e nos últimos 15 anos esses dados vêm aumentando para 9/1000 crianças. Cerca de 70% dos pacientes com cardiopatias graves não chegarão aos 18 anos de idade (CAPPELLESSO; AGUIAR, 2017).

Os preditores de risco para eventos cardiovasculares são: classe funcional da NYHA, doença vascular pulmonar, cianose materna, arritmias maternas, obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo e disfunção ventricular. As pacientes com tais características são consideradas de alto risco, com mortalidade de 8% a 35% e morbidade de 50% (BORN, 2009).

Os preditores de risco fetal e neonatal são: classe funcional materna NYHA III e IV e cianose materna (com saturação de oxigênio materno < 85%, a chance de sobrevida fetal é de 12% , elevando para 63% nas pacientes com saturação arterial de oxigênio > 85%). As complicações fetais mais frequentes nas pacientes de alto risco são: aborto espontâneo (50%), parto prematuro (30% a 50%) e baixo peso ao nascer (BORN, 2009).

A cardiopatia pode ser classificada como: cardiopatia congênita cianótica e cardiopatia congênita acianótica (LIMA, 2019).

Cardiopatia congênita cianótica

Este tipo de cardiopatia é mais grave, pois o defeito no coração pode afetar de forma significativa o fluxo sanguíneo e a capacidade de oxigenação do sangue, e, a depender da sua gravidade, pode provocar sintomas como palidez, coloração azul da pele, falta de ar, desmaios e, até, convulsões e morte. As principais incluem:

Tetralogia de Fallot: impede o fluxo de sangue do coração para os pulmões, devido a uma combinação de 4 defeitos, caracterizados pelo estreitamento na valva que permite a passagem de sangue para os pulmões, comunicação entre os ventrículos cardíacos, alteração no posicionamento da aorta e hipertrofia do ventrículo direito;
Anomalia de Ebstein: dificulta o fluxo sanguíneo por anomalias na valva tricúspide, que comunica as câmaras do coração direito;
Atresia pulmonar: causa ausência de comunicação entre o coração direito e pulmões, impedindo que o sangue seja oxigenado corretamente.
Idealmente, a cardiopatia congênita cianótica deve ser diagnosticada o mais cedo possível, ainda no útero materno ou logo após o nascimento, através de ecocardiogramas que detectam estas alterações cardíacas, para programar uma intervenção, e evitar sequelas ao bebê (LIMA, 2019).

Cardiopatia congênita acianótica

Este tipo de cardiopatia provoca alterações que nem sempre provocam repercussões tão graves no funcionamento cardíaco, e a quantidade e intensidade dos sintomas depende das gravidade do defeito cardíaco, que vão desde ausência de sintomas, sintomas somente durante esforços, até a insuficiência cardíaca.

A depender dos sintomas provocados, estas alterações podem ser descobertas logo após o nascimento, ou apenas na idade adulta. As principais são:

Comunicação interatrial (CIA): ocorre uma comunicação anormal entre os átrios cardíacos, que são as câmaras mais superiores;
Comunicação interventricular (CIV): há um defeito entre as paredes dos ventrículos, provocando uma comunicação inadequada destas câmaras e a mistura de sangue oxigenado e não oxigenado;
Persistência do canal arterial (PCA): este canal existe naturalmente no feto para ligar o ventrículo direito do coração à aorta, para que o sangue siga em direção à placenta e receba oxigênio, mas deve se fechar logo após o nascimento. A sua persistência pode provocar dificuldades na oxigenação do sangue do recém-nascido;
Defeito no septo atrioventricular (DSVA): provoca uma comunicação inadequada entre o átrio e o ventrículo, dificultando a função cardíaca.
Independente do tipo de cardiopatia congênita, se cianótica ou acianótica, ela pode ser dita como complexa quando o coração sofre de uma associação de vários defeitos que influenciam mais gravemente na sua função, e que é mais difícil de tratar, como costuma acontecer na tetralogia de Fallot, por exemplo (LIMA, 2019).

Os sinais e sintomas da cardiopatia congênita dependem do tipo e da complexidade dos defeitos cardíacos. Nos recém nascidos e bebês, eles podem ser: cianose, que é a coloração roxa na ponta dos dedos ou nos lábios; suor excessivo; cansaço excessivo durante as mamadas; palidez e apatia; baixo peso e pouco apetite; respiração rápida e curta mesmo em repouso; irritação (LIMA, 2019).

Nas crianças mais velhas ou adultas, os sintomas podem ser: coração acelerado e boca roxa após esforços; infecções respiratórias frequentes; cansaço fácil em relação as outras crianças da mesma idade; não desenvolve, nem ganha peso normalmente. Também podem ser observadas alterações no tamanho do coração, confirmado através de um exame de raio-x e do Ecocardiograma (LIMA, 2019).

A fisioterapia no período pré e pós-operatório está indicada em cirurgia cardíaca pediátrica com o objetivo de reduzir o risco de complicações pulmonares (retenção de secreções pulmonares, atelectasia e pneumonia, bem como tratá-las, pois contribui para a ventilação adequada e o sucesso da extubação (CAVENAGHI et al., 2009).

No pré-operatório, a fisioterapia utiliza técnicas desobstrutivas, reexpansivas, apoio abdominal e orientação da importância e os objetivos da intervenção fisioterapêutica aos pais ou acompanhantes, ou aos pacientes capazes de compreendê-las (CAVENAGHI et al., 2009).

As técnicas utilizadas pela fisioterapia no pós-operatório incluem vibração na parede torácica, percussão, compressão, hiperinsuflação manual, manobra de reexpansão, posicionamento, drenagem postural, estimulação da tosse, aspiração, exercícios respiratórios, mobilização e AFE (aceleração do fluxo expiratório) (CAVENAGHI et al., 2009).

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